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Brasil pode ser líder em desenvolvimento sustentável, dizem cientistas

País com a maior biodiversidade do planeta, o Brasil tem a legislação necessária, o capital humano e a capacidade instalada para ser líder mundial nos acordos globais para o desenvolvimento sustentável, porém precisa corrigir rumos e adotar políticas mais adequadas. É o que aponta o Sumário para Tomadores de Decisão do Primeiro Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e de Serviços Ecossistêmicos, lançado no início de novembro (08/11) pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e de Serviços Ecossistêmicos (BPBES, da sigla em inglês), em evento no Museu do Amanhã, na zona portuária do Rio de Janeiro.

Criada em 2015, a plataforma reúne cerca de 120 pesquisadores, com apoio financeiro do governo federal e do governo de São Paulo, e foi inspirada na Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), das Nações Unidas, datada de 2012

Para o professor de ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro Fabio Scarano, um dos coordenadores do trabalho, a cada ano, os dados científicos trazem novas informações e evidências sobre a urgência de se cuidar do planeta. Ele destaca que apesar de ainda ter muitas questões para resolver, o Brasil já obteve grandes avanços.

“O país tem uma legislação boa para lidar com sistemas naturais, tem capacidade instalada, formação de recursos humanos. Estamos formando mais do que um doutor por dia no setor de biodiversidade. Há muitos ganhos o país tem histórico de liderança nos acordos globais, tanto na diversidade biológica como no clima, no combate à desertificação e nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.”

Por outro lado, ele aponta que o país tem ações contraditórias. “Temos várias leis que não são cumpridas, cerca de 80% do desmatamento no país é ilegal. Temos também a necessidade de se mudar de uma prática mais marrom para uma prática mais verde [de produção e consumo]. E a iniciativa não deve vir só do governo, mas também do setor privado, para a gente criar um ambiente mais favorável que se dê essa mudança”.

Já o coordenador da plataforma brasileira, Carlos Joly, defende que a principal mudança é dar escala global para soluções locais. “Não é uma construção exclusivamente da academia, já está envolvendo outros atores. Agora, com essas conclusões, nós vamos tentar ver de que forma isso pode ser implementado. Se você senta com o produtor agrícola e explica que manter áreas de vegetação nativa, com a presença dos polinizadores, isso vai aumentar a produtividade em 20% na soja, ele vai entender que tem a ganhar com isso.”

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